quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Paixão animal

Quando criança, a primeira vez que eu vi uma lagartixa achei uma das criaturas mais incríveis do mundo. Como aquilo era lindo, a movimentação, a capacidade de "grudar" na parede e até no teto. Inocente e sozinho, queria aquele presente da natureza como um animal doméstico para que eu pudesse criar e acompanhar seu desenvolvimento.
Peguei uma caixa de tênis desenhei um quarto, todo desorganizado, fiz uma cama, desenhei janelas, furei a tampa para que ela pudesse respirar. Na minha cabeça, criei um ambiente dos sonhos para meu novo animalzinho! Cerca de algumas horas depois o pobre Michael (pressupondo que ela fosse macho, nomeei a lagartixa em homenagem ao rei do pop, que na época ainda era negro) morreu.
Triste e abalado por não ter a capacidade de fazer um ser que eu amava viver por algumas horas, enterrei com muitas lagrimas nos olhos a pobre lagartixa no meu quintal.
Ao ouvir de minhas aventuras selvagens e alucinógenas diante de tal criatura da natureza, meu velho me disse algo que nunca me saiu da cabeça: "Quando a gente não sabe controlar, não sabe se portar com o que a gente ama, a gente pode até matar. A melhor coisa as vezes é simplesmente deixar livre e solto para ser feliz". Claro que uma semana depois descobriram as outras 6 mulheres dele, sendo que com 2 delas ele tinha filhos. Pobre ser humano, morreu atropelado por um cego que fazia test drive em um potro.
Azedo e amargo em relação ao amor, desenvolvi um estudo psicossomático sobre o comportamento de répteis e seus rituais de acasalamento. Mas que recursos tem uma criança de 9 anos para realizar tal estudo cientifico? O resultado foi uma alergia no braço esquerdo e uma bizarra miopia. Nenhum animal foi ferido durante essa pesquisa.
Anos depois me tornei advogado e casei com uma bela arquiteta que havia visto em uma loja de departamento comprando sapatos vermelhos. Ela me contou uma experiência similar a da minha infância. Mas com uma abelha. O resultado foi parecido, a Abelha morreu. Mas ela por pouco não amputou o braço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário